Tem escola, que em jogos tradicionais como o handebol, por exemplo, não divulgam placar, não contam o jogo para não se ter vencedores ou perdedores. Acho uma idiotice.
Fábio Brotto, um dos idealizadores no Brasil deste Jogos cooperativos; aponta que (Brotto - 1999) "a competição presente nos jogos competitivos proporciona situações capazes de eliminar a diversão e a alegria de jogar, além de excluir os menos capazes e, consequentemente, produzir mais perdedores do que vencedores, pois, apenas um sai vencedor e os demais, perdedores".
Algo que Elias e Dunning (1992), discordam, no sentido em que; "Sabe-se que, no entendimento de o esporte é uma manifestação social movida pela emoção e pela paixão, e sem essas condições até mesmo uma vitória pode tornar-se desinteressante".
Igor Barbarioli Muniz e Carlos Nazareno Ferreira Borges, da UFES - Universidade do Espirito Santo, quando analisam os argumentos utilizados pelo
autor Brotto valorizam os jogos cooperativos, considerados hegemonicamente positivos,
em detrimento das implicações
engendradas pelos jogos competitivos, responsabilizados pela disseminação de
contravalores educativos negativos, afirmam que "Tais
argumentos são
apresentados sem evidências ou fundamentações teóricas consistentes e tomados
como verdade para demonstrar as vantagens de um jogo sobre outro. Como
resultado, têm-se características que não são exclusivas de cada jogo, mas pertencentes a uma dada situação relacional de jogo, isto é, à
subjetividade das relações humanas".
E finalizando este breve apanhado teórico não se pode deixar também ignorar a pesquisa feita por Darido et al. (1999), cujos dados revelam
que a centralização das competições esportivas nas aulas de educação física tem
afastado os alunos desta disciplina, especialmente no ensino médio.
Em resumo, 30 anos na área da educação e do esporte me permitem dizer com absoluta certeza:
1. Não é necessário se criar um novo conceito e intitulá-lo de "Jogos cooperativos" para que alunos e praticantes demonstrem atitudes de cooperação,
2. É ridículo afirmar que em jogos competitivos, só por essa sua definição, excluam pessoas, deixem perdedores deprimidos e vencedores acima do bem e do mal,
3. Tudo depende da mediação, interação, intencionalidade, objetivos, profissionalismo e conhecimento do professor. Poderemos ter jogos, brincadeiras e atividades com demonstrações solidárias, entendimento da derrota, da vitória; especialmente nas aulas que não devem ser concebidas pelo formato do rendimento, da perfomance. Mas isso qualquer bom professor deve ter em seu acervo pedagógico.
4. Então, não deixem de praticar os esportes, digamos consolidados há 100 anos, nem jogos e brincadeiras regionais, nacionais, internacionais e inventadas. Em todos eles podem e devem ter cooperação.