A partir deste, vou procurar relembrar alguns momentos que considero relevantes.
Então tá.
Meu momento mais emocionante no voleibol (até hoje).
Em 1988 ministrava aulas de educação física na EE Adoniram Barbosa, no bairro da Cecap, em frente a praça onde havia a mais legal encenação da Paixão de Cristo, que depois foi no Ginásio Municipal de Esportes: Arquibancada, tabela de basquete e Poncio Pilatos, Cristo... ah! deixa prá lá, vamos ao causo.
Então, fiquei alguns anos nesta escola para alegria de alguns e tristeza de muitos, eh, eh.Fazia aulas na quadra e eventualmente usava o campo "rapadão" para corridas (que nem todos amavam), mas o importante é manter a filosofia, err. Atestados de caspa na unha, dor no sangue...apareceram no começo, mas depois viram que não tinha jeito e começaram a gostar!!! Usava também para jogos de futebol de campo, emprestava a bola do Tonico que era inspetor. Hoje se não me engano é vereador. Mas quando ele ficou sabendo ficou p... da vida e guardou a bola em outro lugar. Arrumei outra. Mas que caraca, não é disso que vou falar.
Pois é, dividia minhas aulas durante o ano de forma que cada bimestre a prioridade era para um esporte, No final do bimestre destinado ao voleibol, organizei um campeonato interno. Classe X classe. Foi muito disputado. Tá bom o nível não era lá estas coisas, mas intensamente disputado, com torcida, gritaria e tudo mais que compõem jogos escolares.
Tinha um aluno de nome Elíseo. Ele possuia uma deficiência física, uma perna menor que a outra, entre outras complicações motoras, e uma vontade imensa.
Pelas regras estipuladas todos da equipe deveriam jogar, e Elíseo, com as dificuldades que tinha tentava ser útil para a equipe, se recusava a somente participar. As corridas no campo de futebol ele fazia questão de cumjprir o que lhe fosse possível. Impressionante. Um verdadeiro tapa na cara dos alunos que apresentavam atestados.
Cenário do campeonatinho: Finalíssima. Time do Elíseo na parada. Ele estava, pelas regras combinadas o que chamamos de "rodando fora". Faltava 1 ponto e Elíseo entrou para sacar. 14X14 , quem fizesse o ponto ganharia. NÃO, NÃO TINHA QUE TER DIFERENÇA DE DOIS PONTOS. Já pensou nestes campeonatos quanto duraria cada jogo? E combinado não é caro, e a aula era minha e pronto!!!
Time adversário já comemorando junto com a torcida da sala e outros "semeadores de almas" que adoram ver o inferno dos outros, (depois escrevo sobre isso e sobre advogados instantâneos) rindo. Alguns jogadores do time dizendo para mim que não era justo, que iriam perder pois Elíseo não conseguia sacar. Respondi, com minha classe magnânima que sim, Elíseo iria jogar como sempre. Parte da torcida pró, ao ver que Elíseo estava a postos para sacar passou a incentivá-lo. E Elíseo havia inventado um tipo de saque que permitia um certo equilíbrio, já que pela sua deficiência, ou politicamente correto, pela sua necessidade motora especial, conseguia equilibrar-se, apoiado na ponta de um dos pés. Na hora do saque ele jogava a bola para cima, deixava cair no chão e na volta da bola, na altura adequada efetuava o saque. Já havia sacado assim em aulas anteriores, mas claro que muitos não viram seu "treino", e é claro que autorizei o tipo de saque...
E Elíseo sacou, fez o ponto, o time da classe, para espanto da torcida e adversário, e ganhou o campeonatinho. Elíseo chorou de emoção e confesso que eu também.
Encontrei mais uma vez Elíseo muitos anos depois, ele estava trabalhando como empacotador no Supermercado do bairro. No mesmo instante as imagens me vieram a mente.
Força de vontade, determinação. O atleta que tem est5e perfil já sai na frente.